COMUNICADO DO SINDICATO DOS JORNALISTAS
"Mais uma vez, no primeiro dia de congresso do PSD, e à semelhança de tantos outros eventos para os quais os fotojornalistas são convidados e credenciados pelas entidades promotoras, verificaram-se momentos de confusão entre estes profissionais e elementos da equipa responsável pela segurança, com o gabinete de comunicação do partido a não desempenhar bem o seu papel e a mostrar que não compreende a especificidade do trabalho dos fotojornalistas.
O Sindicato dos Jornalistas considera que este tipo de comportamento face aos repórteres fotográficos e de imagem, que se está a tornar recorrente, decorre do desconhecimento mas também da falta de respeito pelo trabalho destes jornalistas, obrigados, na maioria das vezes, a trabalhar em más condições e com regras pouco claras. Já o trabalho que fazem beneficia diretamente as entidades que organizam este tipo de eventos. As notícias fazem as primeiras páginas dos jornais também porque estes profissionais conseguiram boas imagens. O seu trabalho é esse, estar no sítio certo, na altura certa e registar o momento certo, mas muitos parecem não entender as condições necessárias a captar boas imagens.
O que aconteceu ontem no congresso do PSD é mais um caso revelador do desrespeito pelo trabalho de jornalistas com carteira profissional e acreditados para cobrirem o evento.
O Sindicato dos Jornalistas apela ao PSD que garanta condições de trabalho e liberdade de movimentos aos jornalistas que cobrem o congresso, e qualquer outro evento futuro do partido, e critica qualquer tentativa de selecionar jornalistas que podem ter acesso próximo e privilegiado aos líderes do partido, adotando um comportamento discriminatório.
Os jornalistas vivem tempos difíceis, com salários baixos e vínculos precários. Os repórteres de fotográficos e de imagem, em particular, têm sido sujeitos a uma diminuição contínua do valor pago pelo trabalho que fazem. Se, além de tudo isto, não tiverem condições dignas de trabalho, será impossível garantir o direito do público à informação, fundamental em democracia."
Nota de rodapé.
Cotas como eu, que andavam pelo mundo da escrita, sabem o que significava o lápis azul...
Era o sinistro lápis utilizado pela Censura para cortar e truncar os textos editados pelos jornais.
Antes de sairem para o público todos eles tinham que enviar a essa Comissão um exemplar e só depois de devidamente visado por ela poderiam sair para as ruas!
Outros tempos e, pelo vistos, não muito afastados!
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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